publicado em 17/11/2025
Por Victor Hugo Scandalo Rocha
A chegada do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), prevista na reforma tributária, traz desafios importantes para os escritórios de contabilidade, sobretudo no que se refere à adaptação dos processos internos e ao papel do contador.
Com o novo sistema, a nota fiscal eletrônica passa a desempenhar papel central nas obrigações tributárias: a Receita Federal, junto com os fiscos estaduais e municipais, já tem trabalhado nas mudanças dos layouts e procedimentos para a emissão de notas fiscais.
A Nota Técnica NFe 2025.002.v.1.01, publicada em abril, indica que novos campos serão incluídos para identificar IBS e CBS, bem como para informar a destinação da mercadoria, a cidade de destino e se há direito a crédito tributário.
Esses novos campos serão disponibilizados ainda em 2025, mas o preenchimento só será obrigatório a partir de 2026.
No primeiro momento, os valores de IBS e CBS destacados nas notas serão apenas informativos — não haverá pagamento desses tributos nessa fase, segundo a nota técnica.
A ideia é usar esses destaques para que os órgãos públicos obtenham dados para parametrizar o novo sistema tributário.
Além disso, haverá regras automáticas de validação na emissão das notas para reduzir erros e garantir consistência nas informações.
Um ponto crucial é que, sob o novo modelo, a nota fiscal passa a servir como base para o sistema tributário: todas as informações da nota serão enviadas a um portal eletrônico que fará a apuração automática de créditos e débitos de IBS e CBS, gerando o saldo a pagar para o contribuinte.
Caso haja divergência ou correção, será possível retificar a nota por meio de notas complementares, cancelamentos ou retificações.
Para os escritórios de contabilidade, isso representa uma grande mudança de paradigma. Tradicionalmente, muitos contadores fazem a apuração tributária manualmente, fazem declarações fiscais e gerenciam obrigações acessórias. Mas, com o novo sistema mais automatizado, esse trabalho operacional tende a ser reduzido.
Em vez disso, os contadores devem assumir um papel mais estratégico e consultivo, ajudando as empresas a interpretar as novas regras, otimizar seus planejamentos fiscais e estruturar seus negócios para aproveitar os créditos de IBS/CBS.
Isso significa uma transformação no perfil do trabalho contábil: passará de apuração para validação, de tarefas manuais para atividade estratégica.
Para cumprir esse novo papel, os contadores precisam se tornar verdadeiros parceiros das empresas, contribuindo para decisões tributárias, de planejamento e de estrutura societária.
Em resumo, o IVA exige um redesenho profundo das rotinas dos escritórios contábeis. Não basta apenas adaptar sistemas: será necessário investir em conhecimento técnico, requalificação profissional e capacidade de consultoria para apoiar clientes na transição para a nova lógica tributária.